quarta-feira, março 25, 2009

O ESPANTOSO CRISTO

Aqueles que vivem tão intimamente com os livros da Bíblia, são capazes de observar a tremenda força literária que eles possuem, mesmo tendo sido escritos a tanto tempo. A poesia do Antigo Testamento é sem paralelo no mundo da literatura por sua beleza, profundidade e elevação moral. E não há maior ilustração desta verdade do que as profecias de Isaías. Em palavras de épica majestade que freqüentemente pairam com asas de águia, o filho de Amós (Isaías), nos dá a mais rica expressão da Escritura da visão Messiânica.
É uma das curiosas coincidências de Isaías que ele contém o mesmo número de capítulos que a Bíblia tem de livros. Ainda mais chocante é o fato que Isaías, correspondendo aos livros do Antigo e do Novo Testamentos, está naturalmente dividido em 39 e 27 capítulos cada um. A primeira divisão, como o Antigo Testamento, fala de julgamento e encerra com um relato histórico direto da queda de Samaria sob a Assíria e a predição da queda de Judá sob a Babilônia.
Os últimos 27 capítulos de Isaías têm sido chamados o épico Messiânico do Antigo Testamento. Eles são ricos de palavras de consolo: "Consolai, consolai o meu povo" (40:1). O 40º capítulo, como o evangelho de Marcos, abre com a "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus" (versículo 3; Marcos 1:1-3). O 66º capítulo, como o Apocalipse de João, encerra com uma visão dos "novos céus e a nova terra" (versículos 22-24; Apocalipse 21:1 e seguintes).
Esta potente conclusão de Isaías, com sua intensidade crescente da visão Messiânica, pode ser dividida em três partes de nove capítulos cada. Os dois primeiros concluem com a mesma advertência negativa: "Para os perversos, todavia, não há paz, diz o SENHOR" (48:22; 57:21) e a conclusão do terceiro é ainda mais negativa: "Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará..." (66:24).
Bem no meio dessa parte final fica Isaías 53, a jóia indisputada da literatura profética e a passagem que muitos têm julgado ser a maior no Antigo Testamento. Certamente, nenhum capítulo dos escritores do Antigo Testamento é como esse.
Nesse grande capítulo, Isaías desenvolve sua alarmante visão do Servo Sofredor de Jeová. É esta misteriosa figura, o profeta revela, quem segura em suas mãos não somente o destino de Israel, mas do mundo. Cabe a ele cumprir e responder vitoriosamente ao desafio moral do universo. Mas quem é ele? Este sofredor enigmático tem assombrado os estudos dos mestres de Israel durante séculos.
Há evidência considerável de que, tão cedo como o 2º século d.C. e tão tarde como o 17º, havia entre alguns dos rabinos, um sentido da natureza Messiânica de Isaías 53 (Frederick Alfred Aston, O Desafio das Eras, páginas 14-17). Não se sabe quanta influência a pressão do Evangelho tinha sobre o pensamento judaico nesses anos. Mas outras vozes prevaleceram e o ponto de vista que Israel era o servo sofredor de Isaías 53 se tornou autorizado no judaísmo rabínico.
Evidência de que as palavras de Isaías continuam a ser uma carga no judaísmo é encontrada no fato que as leituras modernas na sinagoga dos profetas sempre omitem Isaías 52:12 até 53:12. Nisto, nada mudou desde o primeiro século, quando um nobre etíope, recém vindo de Jerusalém com sua riqueza de sabedoria rabínica, estava tão perplexo por este grande capítulo como sempre: "Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro?" (Atos 8:34). Os rabinos entenderam o poderoso rei Messiânico prenunciado nos Salmos 2, 110 e Isaías 9:6-7, mas ficaram desconcertados pela figura agoniada do Salmo 22 e o servo sofredor de Isaías.
Mas como podem estas palavras, que falam tão claramente de um único personagem, descrever a nação de Israel? Pode ser Israel retratado como um sofredor inocente? (53:4,5,8,9,12). Isaías descreve-a como "nação pecaminosa, povo carregado de iniqüidade..." (1:4) e como um povo sobre quem Deus derramou "o furor da sua ira" por causa dos seus pecados (42:24-25).
Tem sido Israel um sofredor voluntário, um sofredor calado? (53:7). Tem Israel sofrido em redenção amorosa pelos pecados dos outros? (53:4-6, 8, 10-12). Fazer estas perguntas é respondê-las.
Não deveria surpreender-nos que o Servo Sofredor de Jeová deixasse perplexos e confusos os antigos estudantes do Antigo Testamento, ou tenha sido "desprezado e rejeitado" quando saiu das páginas de Isaías para a História. O que ele foi e o que fez nunca poderia ter sido imaginado nem previsto por uma nação e um mundo em que "cada um se desviava pelo caminho". Ele estava destinado, verdadeiramente, a ser um Cristo espantoso.

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